terça-feira, 13 de outubro de 2015

07/07/2015

Depois de quatro meses de greve. nossas aulas foram retomadas. Infelizmente no dia 07 de outubro eu estava participando do III SEFELI (Seminário Formação de Professores e Ensino de Língua Inglesa) em Aracaju e não pude participar. Mas segue abaixo as respostas que dei ao questionário aplicado pelo professor Luiz Fernando:


1-      Apontem as principais semelhanças e diferenças entre texto e hipertexto, dividindo-as em três aspectos: (1) sua constituição; (2) questões referentes à leitura; (3) questões referentes à sua produção para fins educacionais, tanto para o ensino quanto para a aprendizagem.

 

A)    Com relação à constituição do texto e do hipertexto, o que se deve levar em conta é o ponto de vista técnico, pois, do ponto de vista lingüístico, quase não há diferença entre os dois, como afirma Kock (2005). Para essa autora a diferença “está apenas no suporte e na forma e rapidez do acesso”. Do ponto de vista técnico devemos lembrar que o texto é unidimensional, nos levando a uma leitura que possui continuidade de tópico, de tema e de sentido, enquanto o hipertexto é multidimensional, seu prefixo “hiper” nos leva ao espaço hiperbólico, ao hiperespaço ou espaço multidimensional, no qual a leitura tem uma organização descentralizada, que afeta a própria identidade do leitor, pois, a partir da exploração de hipertextos na internet, o leitor passa a assumir também a posição de usuário e navegador, passando assim o controle da sequência e da progressão da leitura das mãos do autor para as do leitor, criando a idéia de caminhos de leitura personalizados.

B)    Com relação à leitura, a diferença está no fato de o hipertexto não ser um texto que só pode ser lido linearmente. O hipertexto permite formas de exploração diferentes, mais elásticas do que a leitura no texto unidimensional. E talvez esse tenha sido o motivo da mudança de foco nos estudos sobre leitura, que em relação ao texto se concentrou na cognição: em saber como os textos eram processados, já em relação ao hipertexto se concentrou na usabilidade: que tem a ver com a característica técnica e não é de relevância primordial para a Linguística.

C)    Com relação à sua produção para fins educacionais ainda há muito para investigar. A Linguística deve se preocupar com como o leitor processa textos linkados, como o leitor consegue construir coerência nos textos organizados de forma não linear, indo para onde quiser ir a partir dos links, como aponta Perfetti (1996). É necessário descobrir até que ponto essa nova forma de ler “personalizada” está realmente empoderando o leitor de hipertextos e quais os efeitos de sentido que os links (ou a falta deles) trazem para a leitura.

 

 

2-      Qual a relação entre internet, web e hipertexto?

 

Existe uma relação hierárquica de dependência entre esses termos, pois um depende do outro para existir: sem a internet não haveria hipertexto e sem a existência de vários hipertextos não haveria a web. A internet é um sistema composto de redes interligadas. A web é o serviço mais utilizado da internet, trata-se de uma plataforma, na qual serviços da internet são disponibilizados, enfim é uma teia de estrutura hipertextual aberta e descentralizada, que permite conexões entre as páginas da internet. Já o hipertexto é o texto virtual cujos links remetem a outros textos dentro da própria web, mas isso só é possível se houver conectividade de internet disponível.

 

3-      Quais as principais funções dos links? Dentre as funções chamadas retóricas, quais as que vocês percebem como as mais importantes ou as mais usuais?

Como elementos fundamentais constitutivos do hipertexto, os links podem modificar, ampliar, induzir ou restringir sentidos. Na minha opinião, todas as funções retóricas são importantes, mas, é claro que existem as que são mais usadas como a função explicativa e ilustrativa. Acredito que esses sejam os mais usados porque se assemelham às estratégias de leitura usadas durante a leitura do texto convencional quando aparece um ruído no mesmo, isto é, quando o leitor começa a perder a compreensão da leitura e ele pára para procurar em dicionário ou em outro material uma explicação ou um exemplo que o ajude a entender melhor antes de voltar para o texto. Há uma desaceleração da leitura que acontece nesse momento no texto linear que é idêntica à desaceleração produzida pela exploração dos links explicativos e ilustrativos.

 

4- Sobre os chamados gêneros digitais, apresentem a(s) definição(ões) de gênero que perceberam ser mais produtivas para suas pesquisas/atividades com as linguagens no meio digital.  Com base nessa(s) teoria(s) façam um elenco de gêneros digitais, justificando cada um dos gêneros elencados mediante um enquadramento teórico.

           

            Considero a definição de gênero de Martin[1] (1985:250) muito objetiva: “os gêneros são a forma pela qual se faz as coisas quando a linguagem é usada para realizá-las”.

Para começar, eu não vou ao extremo de dizer que não existe gênero digital, como faz Araújo em seu texto “Critérios para o estudo de reelaborações de gêneros em redes sociais”, mas só aceito chamar de gêneros digitais aqueles que surgiram com o advento da internet, como, por exemplo, o e-mail, que surge de uma intenção comunicativa que se junta a uma característica do imediatismo, pois o e-mail é uma prática social em que eu me certifico de que o outro, por mais distante que esteja, receberá a mensagem assim que eu apertar o botão “enviar”, basta somente que ele também esteja conectado. Nisso se baseia sua função específica. Na minha opinião, uma receita que você encontra na rede não é um gênero digital, pode ser, concordando agora com Araújo, que seja apenas uma forma reelaborada em conjunto com a informática.  É uma receita, logo é um gênero discursivo como seu paralelo não virtual, e por estar no ambiente digital, pode, no máximo, ser chamada de gênero discursivo digital. Não temos certeza ainda de onde chegará essa polêmica sobre a ambientação digital, mas não podemos aceitar que tudo que está na rede seja considerado como gênero digital.




[1] MARTIN. J. R. Process and text: two aspects of human semiosis. In: BENSON, J. D., GREAVE W. S., Eds. Sistemic perspectives on discourse. Norwood, NJ: Blex, 1985, p. 248-274.
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário